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Segunda edição do encontro “Sua Vida Importa” reúne centenas de pessoas e debate atenção à saúde mental e prevenção ao suicídio

O 2º Encontro Municipal ‘Sua Vida Importa’ reuniu centenas de pessoas na noite de quarta-feira (13) no auditório da Câmara Municipal de Cuiabá lotando o plenário e a galeria. O evento, promovido pela Prefeitura de Cuiabá, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência, e coordenado pela Secretaria Adjunta de Direitos Humanos, teve como foco dialogar sobre a prevenção ao suicídio, fortalecendo as ações da campanha Setembro Amarelo. O tema foi debatido no sistema híbrido e teve como conferencista Manoel Vicente de Barros, psiquiatra e membro da Associação Mato-grossense de Psiquiatria, a psicoterapeuta sistêmica Marialice Oliveira Mundim e o psicólogo Jair Donato.

A secretária-adjunta de Direitos Humanos, Christiany Fonseca, mediou a roda de conversa e o evento também foi acompanhado por mais de 300 pessoas pelas redes sociais. Na plateia, estavam o vice-prefeito e secretário municipal de Obras e Serviços Públicos de Cuiabá, José Roberto Stopa, e o presidente da Câmara de Cuiabá, Chico 2000, além de representantes de faculdades e estudantes da área de saúde.

“O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo. O Brasil configura-se como o segundo lugar no mundo nesse quesito, perdendo apenas para os Estados Unidos. Quando se fala em ansiedade, o Brasil lidera. Quando debatemos essa temática, mais pessoas terão o apoio que realmente necessitam”, afirmou a secretária-adjunta de Direitos Humanos, Christiany Fonseca.

Pondera ainda que falar sobre suicídio não é fácil. É um assunto espinhoso e complexo, conforme reconhecem os próprios profissionais que lidam com essa área. No entanto, a proposta da iniciativa foi abordá-lo de forma clara e objetiva para que as pessoas compreendessem.

“Precisamos falar sobre depressão e suicídio. A campanha do Setembro Amarelo e desses meses de conscientização é nos lembrar, falar sobre esses assuntos repetidamente, porque eles precisam fazer parte de nossa cultura, de nosso conhecimento popular”, destacou o conferencista Manoel Vicente de Barros.

Segundo psiquiatra Manoel , a ideia é fazer com que as pessoas se sintam mais capazes de entender e ajudar quem precisa nesse tipo de situação. “Devemos tratá-lo como qualquer situação de saúde. Quando falamos sobre primeiros socorros, sabemos como agir quando alguém está com falta de ar, por exemplo. Todos temos essas informações em mente. Precisamos ter clareza sobre o que fazer e o que não fazer em relação a pessoas que estão pensando em suicídio ou que tentaram suicídio. Isso é algo que pode acontecer com qualquer um, e todos precisam saber como lidar”, explicou.

Ele explicou ainda que ainda dificulta o atendimento adequado às pessoas que precisam de ajuda nesse contexto é que muitas vezes a depressão é subestimada ou confundida com angústias da vida, tristezas, vazio existencial, que são sintomas da depressão, de acordo com a psiquiatria.

Após os encontros, a percepção é a de que a população carece de discussões sobre o assunto. “Hoje as pessoas estão deprimidas, mas muitas vezes não sabem disso. Ou têm preconceito em relação à depressão, e precisamos quebrar esse tabu. Foi um evento como esse que nos ajudou a construir uma discussão mais ampla. Conseguimos discutir uma patologia, porque a depressão não é um simples estado de tristeza; é uma patologia que deve ser tratada como qualquer outra. E, assim, podemos evitar o suicídio, que é um problema atual que afeta principalmente os mais jovens e os mais velhos”, acrescentou Cristiane.

Durante o evento, foram apresentados alguns indícios que devem ser observados em relação à depressão. Segundo o psicólogo Jair Donato, a falta de esperança é o principal sintoma de que alguém precisa de ajuda.

“Quando a pessoa não vê perspectiva, acredita que nada vai melhorar, que não tem sonhos para si, esses são indícios. É importante ter clareza sobre o que a pessoa está passando por dentro”, explicou Jair.

Para a psicoterapeuta Marialice Oliveira Mundim, eventos como esse deveriam ocorrer com mais frequência para desmitificar o assunto e salvar vidas. Ela destacou que a comunicação funcional é crucial nesse contexto. “É importante fazer-se entender, explicar como o comportamento do outro afeta você. A comunicação funcional pode salvar casamentos, relações e vidas”, disse ela.

Ficou claro para os participantes que, quando a rede de apoio funciona bem, a ajuda acontece. Essa rede envolve familiares, amigos e profissionais de saúde. Usar essa rede significa reconhecer que há pessoas dispostas a ajudar.

“Essas rodas de conversa são extremamente importantes. É um momento rico e significativo para discutir um tema que muitas vezes não conseguimos enxergar. Conheço famílias que não aceitam a depressão, e às vezes a depressão e o suicídio se agravam porque a família não consegue ouvir. Isso é comum, e percebemos isso ao trabalhar com muitas pessoas. Vemos famílias e pessoas abandonando seus próprios familiares, e isso pode ter consequências graves, incluindo o suicídio. É preciso incluir a família nessa rede, adotar políticas públicas e contar com especialistas para lidar com esses casos”, afirmou o vice-prefeito José Roberto Stopa.

“O suicídio é uma morte evitável, e eventos como este visam sensibilizar as pessoas. No entanto, o número de países envolvidos no Setembro Amarelo e na realização dessas ações ainda não é ideal; apenas 31 países estão comprometidos”, lembrou o psicólogo Jair Donato.

Ao final da programação, o presidente da Câmara Municipal, Chico 2000, ressaltou que vivenciou uma experiência grandiosa mediante a conferência. “Foi uma grande lição. Nós não sabemos e não entendemos nada. A gente percebe as coisas quando estão quase impossíveis de resolver. A gente cuida muito de algumas coisas e não cuida de outras. Até agora não tinha me despertado para o assunto; vivencio situações dentro de casa. Foi um grande aprendizado, e fico feliz por ter sido convidado a estar aqui debatendo essa temática, que é mais real do que imaginamos. Saio com a alma mais leve, pelo aprendizado e por ter despertado ao longo dos meus 68 anos de idade”, testemunhou o parlamentar.

No final, os estudantes também tiraram dúvidas e ampliaram os esclarecimentos. Também participaram do evento a secretária adjunta da Secretaria da Mulher, Elis Regina Prates, a presidente do Conselho da Mulher, Vera Wender, a representante do Centro de Valorização da Vida (CVV), Isaura Titon, o secretário adjunto da Empresa Cuiabana de Zeladoria e Serviços Urbanos (Limpurb), Anderson Matos, o secretário de Cultura da Câmara, Odenil Fausto, e representantes de diversas universidades de Cuiabá e Várzea Grande.

Fonte: Prefeitura de Cuiabá – MT

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